Sara caminhava sozinha na praia, como vinha fazendo nas últimas tristes semanas. O tempo tornara-se frio e o céu, carregado.
Eram intermináveis e vazios os dias sem Nicolas, sem sua força, sem seu calor na cama, sem seus beijos, sem suas estonteantes carícias, sem...
De que adiantavam se torturar? Mas que fazer, se a saudade que sentia era crônica? Alfredo estava certo. Não podia condenar Nic sem ouvi-lo.
__ Nic... __ Sara murmurou para o mar cinzento e frio. __ Oh, Nic...
Começou a chover. Ela correu para a casa e, ao chegar ao último degrau, ensopada, não viu Nicolas. Como aconteceu no primeiro encontro, deu um encontrão nele.
__ Deixe a carteira cair novamente... __ murmurou Sara, emocionada.
Ambos ficaram parados durante intermináveis segundos. Nicolas respirou fundo e seu corpo estremeceu.
__ Venha __ sussurrou, envolvendo-a. __ Vamos sair da chuva. __ Levou-a para o banheiro da suíte. __ Tire essas roupas molhadas __ disse, entregando-lhe uma toalha. __ Enxugue-se.
__ Está bem.
Nicolas foi até o closet e retornou com o robe branco de Sara. Envolvida na grande toalha, ela tremia; não porque estivesse com frio, mas chocada com a própria ousadia. Ainda não conseguia fitá-lo. Ele não disse nada, apenas entregou-lhe a peça e esperou que a vestisse. Em seguida apareceu com um secador de cabelos.
__ Deixe comigo __ pediu. __ Jogue seus cabelos para a frente.
Sara obedeceu. Estava atordoada demais para argumentar. Quando o ouviu desligar o aparelho, ainda se sentia uma ingênua. O que poderia dizer depois da tola insinuação? Do tolo pedido para que ele deixasse mais uma vez a carteira cair?
Mas a verdade foi que, naquele momento, algo tocou-lhe os pés. Era a carteira de Nicolas. Sara se abaixou e deliciou-se ao tocar o acessório de couro com dedos trêmulos. Ele a entendera! A carteira era lenço branco da paz!
Viu-o parado ao lado da cama, de costas, a cabeça baixa, os ombros caídos, as mãos nos bolsos. Sentiu as pernas fracas.
__ Com licença. __ Estendeu a carteira, a mão insegura. __ Por acaso deixou cair isto?
Ele voltou-se, as mãos ainda nos bolsos, os olhos baixos. Simplesmente ficou parado, olhando para a carteira de couro preto. Sara engoliu em seco, os olhos lacrimejantes.
__ Nic?
Ele ergueu os olhos, tão sombrios que pareciam ter perdido a cor.
__ Sabe o que fez comigo naquele primeiro dia? __ indagou, a voz rouca.
Ela meneou a cabeça, confirmando, os lábios trêmulos. Amor à primeira vista, ele dissera. Paixão instantânea.
__ Aconteceu o mesmo comigo __ ela sussurrou.
Nicolas respirou fundo, o corpo trêmulo.
__ Bem, aquilo não se compara ao que estou sentindo agora. Consegue entender?
Ela meneou a cabeça novamente.
__ Pegue a carteira, Nic. Por favor.
__ Primeiro preciso de seu perdão. Foi por isso que voltei. Não importa a decisão que tome a nosso respeito, preciso de seu perdão.
__ Já tem meu perdão __ ela respondeu com sinceridade. __ Preciso apenas que pegue a carteira.
Nicolas respirou fundo mais uma vez e, por fim, obedeceu. Pegou a peça de couro e jogou-a sobre a cama, para abraçar Sara.
2 comentários:
q vontade de o reler
Realmente Lari... vale pena... ler ... reler... treler...rsrs
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